‘When We All Fall Asleep, Where Do We Go?’ não é só o primeiro álbum de Billie Eilish, é também o início de uma mudança na indústria da música.
Na indústria da música facilmente associamos grande nomes a determinados estilos. Atualmente, é impossível desassociar nomes como Ariana Grande ou Lady Gaga ao estilo pop, mas Billie Eilish afirma-se como uma das únicas artistas com um estilo próprio que não consegue ser definido com exatidão, fazendo jus à originalidade, o principal valor defendido pela cantora que “procura produzir algo que nunca tenha sido ouvido”.
Aos 17 anos, a cantora norte-americana tem na sua bagaguem o EP ‘don’t smile at me’ que conta com temas como ‘bellyache’, ‘idontwannabeyouanymore’ e ‘hostage’, que a lançaram para o estrelato.
‘When We All Fall Asleep, Where Do We Go?’ é um álbum que não se deixou influenciar por toda a fama e entusiasmo em que Billie vive agora. Se por um lado, os temas anteriores de Billie já tinham sido caracterizados por um lado bastante assustador e creepy, esta é – a meu ver – a principal característica do novo trabalho de Eilish. Com 14 temas totalmente diversos, pode-se dizer que a monotonia não é algo que esteja presente no álbum. Existe, de facto, uma grande variedade de estilos, ritmos e temáticas em todas as canções (extremamente bem produzidas).
‘you should see me in a crown’ e ‘when the party’s over’ – dois dos temas de maior sucesso da cantora norte-americana – estão acompanhados por outros temas que conseguem mostrar não só irreverência de Eilish, como ‘all the good girls go to hell’ e ‘bury friend’, mas também um lado mais pessoal, como ‘ilomilo’ ou até mesmo ‘listen before i go’. ‘my strange addiction’ contém pequenas partes de um dos episódios da série televisiva The Office e juntamente com ‘bad guy’ – tema que abre o álbum – são as faixam que mais se aproximam de um (não claro) estilo pop.
Se a capacidade de escrita de Billie Eilish já tinha sido elogiada pelos mais experientes críticos da indústria musical, em ‘When We All Fall Asleep, Where Do We Go?’ , a cantora superou todas as expectativas de fãs e críticos, ofecendo ao público uma escrita pura, crua, verdadeira e (verdadeiramente) original.
Finneas O’ Connell – irmão da cantora – é também um dos grandes responsáveis pelos temas de Billie, uma vez que apoia a artista a produção e nas suas performances ao vivo.
O primeiro trabalho da artista norte-americana fala de tudo, menos de superficialidades. Temas como o stress na adolescência e a procura pelo sucesso nos jovens são apenas alguns dos temas presentes nas suas canções.
Na canção ‘Xanny’, a cantora lamenta a constante prescrição de medicação e o impacte que esta tem nas camadas mais jovens: “In the second-hand smoke, still just drinking canned coke, I don’t need a Xanny to feel better”. Em ‘All The Good Girls Go to Hell’ está presente a temática no ódio entre jovens, com os versos: “All the good girls go to hell / Because even God herself has enemies”.
‘When We All Fall Asleep, Where Do We Go?’ é um álbum competente, inovador e original, prometendo ser o início de uma grande carreira para Billie Eilish. Sem medo de ser irreverente, Eilish entrega um trabalho honesto, verdadeiro a si própria e que mudará – sem dúvida – a atual indústria da música. Digo, com toda a certeza, que Billie Eilish vai ser o ícone da próxima década.
Billie Eilish estreia-se em Portugal no dia 4 de setembro no Altice Arena. Os bilhetes já se encontram esgotados.