O filme é realizado por Martin McDonagh, realizador que já conhecia do filme de In Bruges (2008), que já na altura gostei e achei que não teve a atenção merecida. Three Billboards Outside Ebbing, Missouri acaba por cair no mesmo registo desse filme – um drama com excelente conteúdo e humor-negro q.b.. Gostaria também de salientar o talento que Martin McDonagh tem ao dar títulos aos seus filmes, porque são uma maneira excecional de os descrever em poucas palavras.
O filme fala-nos da história de Mildred (Frances McDormand), cuja filha fora morta e violada. A investigação do homicídio é liderada pelo xerife Willoughby (Woody Harrelson) e pelo polícia Dixon (Sam Rockwell), porém revela-se inconclusiva devido à falta de provas. Face ao sentimento de revolta por falta de resposta da polícia, Mildred decide colocar três cartazes na entrada de (adivinhem!) Ebbing, Missouri, nos quais difama o nome do xerife Willoughby. E embora Ebbing possa ter sido uma cidade escolhida à sorte, o estado de Missouri acredito que tenha sido premeditado, porque não é por acaso que é dos estados em que ocorre mais casos de xenofobia e homofobia, duas das componentes mais presentes neste filme.
Quando comecei a ver o filme e cheguei à parte em que Mildred decide afixar os três cartazes, pensei para mim “Pronto, o filme acaba aqui, ela já afixou os cartazes”, mas mais uma vez provei-me ignorante, porque a parte interessante não é o afixar dos cartazes, é mesmo as repercussões que são geradas por isso mesmo. E isso foi o que eu mais gostei neste filme, a capacidade de pegar num conceito simples (o afixar três cartazes), e gerar uma história tão boa.
E mesmo se a história não fosse nada de especial, eu provavelmente continuaria a ver, pois as atuações do elenco são abismais, no bom sentido. Começando por Woody Harrelson, ator com o qual estamos todos familiarizados com trabalhos como Zombieland e True Detective e já sabemos o que esperar, sendo que mais uma vez cimenta a sua posição como um dos melhores atores que Hollywood pode oferecer. Sam Rockwell já conhecia de alguns filmes bons, outros menos bons, mas neste filme o ator mostra-nos do que realmente é capaz, o que lhe fez merecer o Golden Globe de melhor ator e que eu acho que foi bem merecido. Por fim, mas não menos importante, temos o que foi a maior surpresa para mim. Frances McDormand é a escolha perfeita para a personagem de Mildred, porque consegue passar bem a imagem de uma mulher independente e determinada, que talvez tenha sido criada assim para satisfazer a onda feminista que banha Hollywood neste momento, mas que eu aplaudo porque resulta muito bem, e não me parece uma escolha forçada só para agradar as massas.
Também gostei muito da banda sonora neste filme, composta por Curt Burtwell, que nos dá a vibe de um filme Western dos anos 60. Em suma, é um filme que merece muito, senão todo, o crédito que lhe está a ser atribuído e vale a pena ver, principalmente porque transmite uma mensagem de perdão e de esperança.
Three Billboards Outside Ebbing, Missouri estreia hoje em Portugal.
Correção do texto : Teresa Rocha