Poor Things
91%Overall Score
Reader Rating 0 Votes
0%

Em “Poor Things”, o diretor grego Yorgos Lanthimos orquestra um grande espetáculo de narrativa surreal, tecendo a complexa tapeçaria da psique humana dentro de um cenário fantástico vitoriano. Sua evolução como cineasta brilha através deste filme, transformando narrativas ordinárias em uma jornada fantasmagórica que balança entre o absurdo e o profundo.

Baseando seu filme no romance de 1992 de Alasdair Gray, Lanthimos apresenta-nos a Bella Baxter, retratada com uma complexidade matizada por Emma Stone. Após seu suicídio e subsequente reanimação pelo excêntrico Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe), a jornada de Bella torna-se uma exploração vibrante da existência e identidade. Stone, em sua colaboração com Lanthimos, acessa um reservatório de autenticidade e curiosidade, tornando a transformação de Bella um ponto central cativante do filme.

O universo do filme, uma interpretação surreal da história vitoriana, mostra a habilidade de Lanthimos para construir realidades alternativas tão cativantes quanto inquietantes. O mundo de “Poor Things” está repleto de aeronaves e híbridos animais mutantes, criando uma tapeçaria visualmente deslumbrante e narrativamente rica. A cinematografia de Robbie Ryan complementa essa visão, trazendo a fantasia vitoriana à vida com uma vibrância opulenta e sobrenatural.

A inclinação de Lanthimos para explorar os limites do comportamento humano encontra um novo campo de brincadeiras em “Poor Things”. Ele descasca camadas de normas sociais e expectativas, desafiando o público a questionar a natureza da existência e os construtos da identidade. A mente infantilizada de Bella serve como um espelho para nossas próprias percepções, nos instigando a embarcar em uma jornada de redescoberta e introspecção.

O elenco de peso, com nomes como Mark Ruffalo, Ramy Yousef e Christopher Abbott, adiciona profundidade e dimensão à narrativa. Cada personagem traz uma perspectiva única para o mundo de Bella, contribuindo para a rica tapeçaria do filme. Ruffalo, em particular, se destaca como Duncan Wedderburn, o advogado escuso cuja interação com Bella desencadeia uma revolução social e psicológica.

“Poor Things” é um testemunho da maestria de Lanthimos em sua arte, mostrando sua habilidade em mesclar o bizarro com o sublime. O filme serve como uma jornada cativante para o coração da existência humana, desafiando convenções e instigando o público a questionar o próprio tecido da realidade.

No final, “Poor Things” se destaca como um triunfo de brilho cinematográfico, um filme que não só cativa os sentidos, mas também estimula a mente. Lanthimos mais uma vez provou seu domínio como cineasta, entregando uma obra-prima que será lembrada por anos a vir.