“A corrente”, livro publicado em 2020, conta com uma sinopse capaz de deixar o leitor a pensar em “como seria se…”, sendo que o maior mistério que envolve o livro é o sequestro de crianças em troca de dinheiro e sequestro de (mais) crianças.
O autor desta obra, Adrian McKinty, escreveu esta história através do ponto de vista de uma jovem mãe, Rachel Klein que deixa a filha, Kylie, na paragem de autocarro para que esta se dirigisse à escola.
A caminho da sua rotina diária, a Rachel é surpreendida por um telefonema, a partir de um número desconhecido. Essa pessoa, acaba de mudar a vida e o propósito de Rachel – raptaram-lhe a filha. Durante essa mesma chamada, a raptora de Kylie explica que lhe raptaram, também, o próprio filho e que, se Rachel não fizesse exatamente o que ela mandasse, ambas as crianças morreriam. Tudo fazia parte do esquema “A Corrente” e todos os que estão envolvidos nela, devem responder aos pedidos.
“Agora, está n’A Corrente, Rachel. Estamos as duas. E A Corrente vai proteger-se. Por isso, a primeira coisa é nada de polícias. Se alguma vez falar com um polícia, as pessoas que dirigem A Corrente vão saber e vão dizer-me para matar a Kylie e escolher um novo alvo e eu vou obedecer. Estão-se nas tintas para si e para a sua família; a única coisa que lhes interessa é a segurança d’A Corrente. Percebeu?”
A história começa aqui, vai-se desenvolvendo nesta linha de pensamento e leva o leitor a acompanhar Rachel em todos os movimentos que escolhe. A personagem principal está determinada a encontrar a filha e, além disso, está igualmente determinada a encontrar os mentores do esquema e destruí-los, antes destes destruírem mais famílias através d’ “A Corrente”.
O livro tem esta premissa forte, que envolve o leitor e o deixa sedento pelo próximo passo, pelo próximo movimento, pelo que aí vem. Quer sempre saber mais e mais e descobrir o que mais “chateia” o personagem principal, os mentores do esquema.
“Rachel vai para casa e tira do frigorífico uma Sam Adams. A cerveja não faz efeito. Serve-se do meio copo de vodca e enche o resto com água tónica. Pensa na primeira pessoa desconhecida que lhe ligou. Aquela voz no telefone. Aquilo de lhe terem dito que os seres vivos eram apenas uma espécie de mortos. Era o tipo de coisa que ela dizia aos amigos quando era caloira. A noção de profundidade de um jovem. Como se quem quer que esteja por trás de A Corrente estivesse a fingir ser um sábio de cinquenta anos, quando, na realidade, deve ter a sua idade ou ser um pouco mais jovem.”
“A Corrente” foi descrito pela “Kirkus”, “Time”, “The Guardian”, “Amazon” e “Chicago Tribune” como “um dos melhores livros do ano”, tenho sido um Bestseller imediato do “The New York Times” e ao nível internacional.
O tema “sequestro” levanta muitas memórias reais para quem acompanhar “A Corrente”, muitas das cenas descritas nos livros podem ter vindo a ser em reais, em casos reais. O escritor teve o cuidado de demonstrar a angústia de uma mãe que procura a filha e é capaz de tudo para a poder ver e ter de volta.
É igualmente evidenciada essa “capacidade de tudo fazer” no passar a “função” de mãe em mãe, sendo que a mulher é descrita como aquela que está disposta a absolutamente tudo e qualquer coisa para poder reaver os filhos – o instinto leva-a a atravessar barreiras que nem as próprias sabiam da existência.
Ao mesmo tempo, existe o ponto de vista de Kylie que, enquanto vítima do rapto, tenta escapar de todas as maneiras que considera serem possíveis, isto é, para que possa voltar para os braços da mãe, ajudando-a no processo.
“Kylie não tem telemóvel, pelo que não faz a menor ideia das horas, mas pensa que pode ainda ser de manhã. Não ouve nada, mas vê a luz passar pela janela da cave. Senta-se dentro de um saco cama. Está ali tanto frio que se formou gelo nas bordas das janelas. Talvez se correr sem sair do lugar isso ajudasse?”
Assim, podemos ler em “A Corrente”, cuja versão portuguesa pertence à Editorial Presença, o que é que uma mãe se dispõe a fazer, atravessar e submeter para poder voltar a ver os filhos. Acompanhamos o esquema d’ “A Corrente”, o plano da protagonista e o desenrolar de um enredo de ação memorável!